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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Cristiana Miranda estudou no Estoril e trabalha para as maiores marcas mundiais


A rapariga dos anúncios

A rapariga dos anúncios

por Ana Pago Fotografia de Gerardo Santos/Global Imagens
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Entre Lisboa, a cidade das raízes, e Londres, cidade de todos os sonhos, Cristiana Miranda vai realizando anúncios de sucesso. Depois de uma monumental chuva de azeitonas Oliveira da Serra, chega a primeira campanha portuguesa da L'Oréal Paris.
Sabia que o novo anúncio da L'Oréal Paris, protagonizado por Cláudia Vieira, e a rodar nas televisões desde a passada quarta-feira, foi realizado por uma portuguesa de 29 anos? Cristiana Miranda é um caso de sucesso no mundo da publicidade. E tudo aconteceu muito depressa, entre golpes de sorte e muito trabalho.
A infância de Cristiana foi um tempo de abrir os olhos para o mundo, a viajar de carro pela Europa com a família. Nasceu em Lisboa e estudou no Estoril, mas não descansou enquanto não saiu da zona de conforto. Por isso, quando aos 18 anos disse que gostava de ir estudar para Londres, para escolher um curso multifacetado, os pais apoiaram-na e aconselharam-na a seguir o coração. Por mais que antevissem as peripécias que se seguiram: sucessivos empregos, para poder assegurar a independência.
«Em criança, a minha obsessão era a fotografia de moda», diz. «Recortava e colecionava tudo o que apanhava a jeito - ainda agora faço isso. Também sempre fui louca por cinema. Depois, um pouco antes de ir para Londres, apanhei o auge dos clips de música, em que grandes realizadores trabalhavam em projetos fantásticos na área. Dei por mim apanhada pela capacidade técnica e criativa, mas nessa altura ainda desconhecia muito a publicidade. Isso aconteceu mais tarde, completamente por acidente.»
Sozinha, sem conhecer ninguém além de um amigo que a ajudou a encontrar casa, tirou o curso de Media Studies na Universidade de Westminster, ao mesmo tempo que trabalhava num clube de vídeo para poder levar filmes para casa. Os últimos seis meses do curso foram passados na Austrália, num intercâmbio de estudantes, onde estavam a acabar de ser filmados A Guerra das Estrelas e o Matrix. «Ao fim do primeiro semestre do curso já sabia que queria ser realizadora, depois de um trabalho escolar em que tive de realizar e editar todo o projeto.» Quando regressou a Londres, após acordar com os pais que teria seis meses para arranjar um emprego que a sustentasse, pôs-se em campo com a realização na mira, mas disposta a fazer o que calhasse. «Pensei em dez filmes que estavam a ser produzidos em Londres e que gostaria de integrar, com o Mrs Henderson Presents,do Stephen Frears, como primeira opção. Liguei para lá a dizer que tinha terminado o curso e só queria estar no set, não me importava de fazer chá ou outra coisa qualquer.»
Responderam-lhe que podia ir uma semana à experiência, mas gostaram tanto dela que a convidaram a ajudar na contabilidade durante um mês, a troco de uma pequena quantia, de acesso total ao set e de um lugar sentado ao lado do próprio Frears, a aprender. No final, explicaram-lhe que para conseguir trabalhos no cinema e na publicidade tinha de arranjar uma agente, pelo que lhe recomendaram uma rapariga que a pôs em contacto com uma produtora japonesa e com a fotógrafa inglesa Elaine Constantine, famosa no mundo da moda. Estava Cristiana nestas andanças quando foi contactada por uma produtora publicitária em início de atividade, a Knucklehead. «Ainda hesitei, porque a publicidade não me interessava por aí além. Por outro lado, precisava de ganhar dinheiro para não ter de ir embora.» Começou como secretária e rececionista. Em breve trabalhava de perto com os realizadores e com a produção, atenta aos pormenores, e era elogiada pelas suas intervenções. «As coisas evoluíram rapidamente a partir daí, tornou-se uma disciplina intensa, que me fascina ao máximo. O nível de qualidade das pessoas com quem trabalhamos na publicidade é do melhor em Londres.» Seis meses mais tarde, em 2007, espicaçada pelos chefes a realizar um documentário de três minutos sobre Dita von Teese para o Canal Discovery, Cristiana Miranda estreou-se na fama.
A artista de burlesco gostou tanto do filme que passou a usá-lo como apresentação, numa altura em que ambas se tornavam conhecidas do público por diferentes razões. «O momento em que ela passou a ser uma estrela no mercado inglês coincidiu com a minha nomeação para o Best Newcomer no Rushes Film Festival. Eu tinha 23 anos.» Aos poucos, Cristiana começou a ser requisitada pela indústria publicitária. Fez outro documentário para o Discovery Channel sobre o pintor alemão Rainer Fetting (entretanto a Knucklehead dispensou-a das funções de rececionista e passou a representá-la como realizadora). Depois foi a Johnnie Walker e a McLaren a pedirem-lhe filmes publicitários com os pilotos de Fórmula 1 Lewis Hamilton e Fernando Alonso. Seguiram-se o teledisco de Gigantic (tema dos Eddi Front), um anúncio para a Adidas, outro para a Citroën (em que a equipa de futebol do Arsenal acaba a dançar ballet clássico) e uma infinidade de outros trabalhos.
«Um projeto que mais me marcou foi o filme Fisherman, que fiz na Nazaré para a cantora Dido. Ela procurou realizadores do mundo inteiro para documentarem cada faixa do seu álbum Safe Trip Home (2008) e, a mim, coube-me a The Day Before The Day, que associei de imediato aos pescadores da Nazaré por ser uma música melancólica, que lembra o fado e é de beleza triste.» O filme dela acabou eleito o melhor dos 11 vídeos filmados, e a Nazaré agarrou-se-lhe de tal forma à pele que muito provavelmente lhe servirá de inspiração para uma história escrita por si, candidata a guião de um filme maior quando se sentir pronta para o cinema.
«Por enquanto, a publicidade ainda é o melhor para quem está a aprender», diz Cristiana, sem vaidades, apesar de ter feito também a divulgação do jornal para televisão e cinema, as curtas-metragens O Sal da Lua (2010) e Maçãcom Sabor de Gasolina (2012), o filme Beijo que acompanhou a divulgação do Compallight de melancia/morango e a inesperada chuva de azeitonas no anúncio do azeite Oliveira da Serra, em que pôde chamar Barry Ackroyd, um dos mais aclamados - e premiados - diretores de fotografia do mercado. «Ele é que merece os créditos todos. É ele o mestre da fotografia, que me ensinou a descontrair quando tudo parecia estar contra nós», concretiza, a lembrar-se dos muitos ataques de nervos que apanhou durante as filmagens: «Ficava em pânico quando o céu ameaçava chuva, quando não tinha resposta para algo que me perguntavam, quando as azeitonas não voavam com dinamite nem com catapultas. Só conseguimos com canhões de confetti e pás gigantes. Tornei-me obsessiva por ser mulher e ter começado tão cedo, mas o Barry lá voltou a libertar o instinto que há em mim.»
Foi precisamente essa intuição que põe em tudo o que faz - Cristiana tem um modo muito feminino de captar a luz das pessoas através dos ambientes recriados - que levou a L'Oréal Paris a procurá-la para o novo filme publicitário da coloração Excellence Creme, no ar desde o dia 13, e que será emitido apenas no mercado nacional. «Era um desafio, por se tratar da primeira campanha portuguesa da marca, tem a componente de moda que eu adoro e seria protagonizada pela Cláudia Vieira, que me trouxe sensualidade e confiança ao anúncio. O resto são momentos fotográficos, que revelam o esplendor do produto, mas sobretudo a personalidade por trás.» Uma imagem para si há de valer sempre mil palavras.

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